Matinhos, PR, Brasil
Após receber denúncias de que o Circo Rodeio Hermanos Rodriguez
alimentava seus cinco leões com cães e gatos vivos, a
correspondente da Rádio Litorânea de Guaratuba, Regina Saraceni,
foi ao circo na terça-feira 31, pela manhã, tentar uma declaração
quanto às acusações.
Regina foi recebida pelo relações públicas do circo, que respondeu
a todas as perguntas habituais sobre o circo. Quanto as denúncias
sobre a alimentação dos felinos, o funcionário alegou que
"cachorros e gatos não poderiam servir de alimento pois causam
danos à saúde dos animais". No entanto, ao pedido de ver os
animais, o circo resistiu.
Por fim, acabaram cedendo à insistência devido à "movimentação
anormal mediante a algazarra que os felinos estavam fazendo",
conforme percebeu a correspondente. Aproximando-se dos animais,
testemunhou uma leoa sendo retirada morta de uma das jaulas. "A
leoa estava terrivelmente magra e havia morrido naquela noite. Foi
horrível vê-la ser retirada da jaula, nunca mais esquecerei o som
abafado de seu corpo batendo ao chão.", observou.
Regina solicitou o comunicado do circo após conclusão de um laudo
veterinário para também reportar à rádio, o que não houve. O
escritório local do Ibama foi encontrado fechado e ela apenas
obteve informações vindas do diretor da Vigilância Sanitária, que
afirmou que o animal seria transportado para Itajaí, em Santa
Catarina, e enterrado com um outro leão.
Após noticiar a morte da leoa, a rádio recebeu o telefonema de uma
senhora moradora próxima ao terreno ocupado pelo circo. A ouvinte
alegou que não conseguira dormir durante a noite por causa do
alvoroço feito pelos felinos. Segundo ela, "os urros eram
insistentes e diferentes do normal" e até por volta das 2:30 h da
manhã podiam ser ouvidos. Agora, se dizia revoltada com a morte da
leoa que, acreditava, devia ter rugido de dor.
A reportagem ainda tentou obter maiores informações sobre o laudo
veterinário e a chegada do corpo do animal em Itajaí, mas nenhum
órgão local soube dar mais detalhes sobre o fato.
O Circo Rodeio Hermanos Rodriguez, de registro catarinense,
participou nos anos 80 das filmagens de uma novela televisiva,
cedendo bovinos e com alguns artistas realizando as vezes de
dublês dos atores protagonistas.
De acordo com portaria do Ibama, as pessoas físicas ou jurídicas
mantenedoras de felídeos do gênero Panthera, ao qual pertence o
leão, devem ter cadastro/ registro de Mantenedor de Fauna
Silvestre Exótica, além da ficha individual de cada animal, onde
devem constar dados básicos atualizados anualmente, sob risco da
não renovação do registro de mantenedor. Os animais devem também
ser marcados e ter a assistência permanente de ao menos um médico
veterinário.
Na prática, no entanto, a situação é bem diferente. No caso, a
leoa, apesar de urrar a noite toda, não contou com assistência
médica. O controle de cadastros/ registros, em específicos dos
circos, é insuficiente e a atualização anual é inexistente. Sem
isso, é absolutamente impossível determinar o número e a causa da
morte dos animais, o que tem incentivado a rotina de cadáveres
sendo jogados em depósitos de lixo ou então o de animais doentes e
velhos deixados à morte ou abandonados à beira de estradas.
À pouco mais de seis meses, em apresentações na capital
paranaense, Curitiba, o circo que agora conta com apenas quatro
felinos, exibia seis leões adultos. Membros da organização ONCA de
proteção animal fizeram registros dos animais sendo mantidos em
jaulas de proporções mínimas, além de um dos leões que apresentava
ferimento recente na fronte e uma pata infeccionada não tratada.
Policia Federal abre inquerito contra ONGs governistas
PF abre
inquérito para investigar "quadrilha ambiental"
Dirigentes de ONGs que ocupam cargos no governo (e que fazem
lobby pela aprovação do projeto de lei que vai aniquilar a Mata
Atlântica - PL-3285, conhecido também como PL da devastação, serão
investigados pela
polícia federal).
AMBIENTE BRASIL -
20/04/2006
http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action
=ler&id=24274
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar a denúncia do
deputado federal Max Rosenmann (PMDB) que aponta irregularidades
no processo de criação de unidades de conservação para a proteção
de araucárias no Paraná e Santa Catarina. A queixa crime foi
apresentada pelo parlamentar no ano passado, apontando a ação de
uma "quadrilha" envolvendo dirigentes de ONGs ambientais e
ocupantes de cargos de confiança do governo federal no processo de
criação dessas reservas. Na denúncia, baseada em documentos
oficiais e informações colhidas em audiências públicas, Max aponta
que pessoas e grupos ligados a essas ONGs se aliaram a
funcionários do Ministério do Meio Ambiente e outros órgãos
envolvidos na questão para manipular o processo de demarcação das
reservas de acordo com seus próprios interesses, incluindo a
obtenção de recursos públicos para essas entidades.
A abertura do inquérito foi confirmada pelo delegado da PF, Flúvio
Cardinelle Oliveira Garcia, em ofício enviado ao parlamentar no
final do mês passado. A decisão atende determinação do Ministério
Público Federal, que entrou com representação criminal a partir da
denúncia encaminhada pelo deputado.
De acordo com Max, algumas pessoas têm se revezado hora na direção
de ONGs, hora em cargos de confiança do Ministério do Meio
Ambiente, e manipulado a definição dessas reservas, que depois
servem de pretexto para que recursos públicos sejam destinados a
essas entidades para supostos projetos de preservação. "Isso sem
que a sociedade seja ouvida e os segmentos produtivos afetados
diretamente possam participar das decisões. É uma relação
incestuosa que mistura interesses pessoais, ideológicos e
financeiros, sob um falso discurso ambientalista", afirma.
Histórico
O processo de criação das unidades de conservação foi definido
através das portarias 507 e 508 do Ministério do Meio Ambiente,
assinadas em 20 de dezembro de 2002. De acordo com os documentos e
informações obtidas pelo deputado, o processo foi coordenado por
Miriam Prochnow, ocupante de cargo de confiança do ministério, com
o apoio de entidades lideradas por ONGs como a APREMAVI, de Santa
Catarina, dirigido na mesma época pelo seu marido, Wigold Schaffer,
e pelo Instituto Sócio Ambiental (ISA), então coordenado por João
Paulo Ribeiro Capobianco, ex-presidente da ONG SOS Mata Atlântica.
A reação contrária de produtores rurais e moradores das regiões
afetadas obrigou o ministério a republicar as portarias, desta vez
sob o número 176 e 177, em 7 de abril de 2003. Ocorre que a
reedição foi feita a cargo de João Paulo Capobianco, que de
ex-coordenador da ONG ambiental ISA, agora estava na condição de
secretário da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente. Com a
assessoria de Wigold B Schaffer, ex-membro da APREMAVI, agora na
função de coordenador do Núcleo Assessor de Planejamento da Mata
Atlântica do ministério. Função essa antes ocupada por sua mulher,
Miriam Prochnow, apoiada novamente pela APREMAVI, e também pela
rede de ONGs da Mata Atlântica, agora presidida por ela.
Por conta das novas portarias, foi criado um Grupo de Trabalho
chamado GT das Araucárias, que ficou responsável de definir as
regras para a criação das unidades de conservação. Esse GT deveria
ter ampla representatividade entre todos os segmentos envolvidos,
incluindo autoridades locais, empresários, trabalhadores e
produtores rurais. Só que segundo os documentos, isso não
aconteceu, pois o GT acabou sendo montado por pessoas do governo
na sua maioria com militância direta ou indireta nessas ONGs
ambientais. Foi contratada, por exemplo, a jornalista Tereza Urban,
representando hora a Rede Verde do PR, hora a ONG Mater Natura, as
duas com íntima ligação com as mesmas pessoas e ONGs que haviam
coordenado o processo que culminou nas portarias. A própria Tereza
Urban consta como uma das fundadoras do ISA, antes coordenado por
João Paulo Capobianco, agora secretário do Ministério do Meio
Ambiente.
O GT foi formado basicamente por representantes do governo e das
ONGs, sem nenhuma participação de outros segmentos da sociedade
interessados, e chamado de Força Tarefa do GT das Araucárias.
Entre as entidades convidadas estavam a SPVS - ONG de Curitiba que
nunca trabalhou no bioma de araucárias, presidido por Clóvis
Scharapper, amigo de Tereza Urban, e com ligações pessoais com as
demais ONGs e membros do GT; a Mater Natura, ONG fundada pela
mesma Tereza Urban, que recebeu inclusive contrato milionário para
fiscalizar obras no Paraná como auditora; Rede de ONGs da Mata
Atlântica, coordenada e presidida por Miriam Prochnow, mulher do
atual coordenador do projeto no governo, Wigold Schaffer, e com
relação pessoal com o secretário do ministério, João Paulo
Capobianco; e TNC - ONG internacional, representado por Silvia
Ziller, da ONG Hórus, e sócia da ONG SPVS, de Clóvis Scharape, com
trabalhos financiados pelo ministério.
"Além da relação pessoal, profissional, familiar e de sociedade
entre as ONGs e os funcionários de cargos de confiança e direção
do Ministério do Meio Ambiente, essas mesmas entidades recebem
recursos públicos expressivos do ministério e do IBAMA,
confundindo seus interesses pessoais com os coletivos. Isso não
pode ser admitido, sob pena de que todo o processo fique
comprometido e viciado, provocando prejuízos à sociedade e
permitindo que esses grupos se aproveitem para obter recursos
públicos", afirma o deputado, que está confiante na apuração das
responsabilidades através do inquérito aberto pela PF. |