25/07/2006
Em meio à guerra que assola o Líbano, voluntários não se esquecem
do desamparo vivenciado pelos animais desde o início do conflito.
Em Beirute, 133 cães e 100 gatos encontram-se refugiados e, apesar
de engaiolados, são mantidos em segurança, longe dos bombardeios
israelenses disparados contra o sul do país. Os voluntários
levaram cachorros perdidos, encontrados nos subúrbios da capital
libanesa, a uma fazenda abandonada da cidade.
Os cachorros abrigados pelo grupo em questão, o BETA ¿ Beirute
pelo Tratamento Ético dos Animais ¿ são, de fato, considerados
sortudos em comparação a outros animais de estimação, abandonados
pelo caminho enquanto seus donos fugiram do país. A Embaixada
Americana, por exemplo, proibiu aqueles que evacuaram o Líbano de
levarem seus animais nos navios e helicópteros.
"As embaixadas que evacuaram seus cidadãos do Líbano cometeram um
grande erro ao não permitir o embarque dos bichos de estimação",
diz a ativista Hania Jurdak. Estabelecida há dois anos, o BETA é a
primeira organização libanesa dedicada a salvar animais perdidos
ou vítimas de abusos. O grupo tenta encontrar um novo lar para os
bichinhos.
De acordo com o co-fundador do BETA, Joelle el-Massih, os
cachorros foram movidos para uma fazenda na cidade de Monteverde,
que dista cerca de 15 quilômetros de Beirute, porque ficaram
traumatizados com os bombardeios. "Eles estavam estressados e
sofrendo de diarréia", descreveu el-Massih.
Os cães e gatos foram colocados em microônibus e carros pelos
voluntários da fazenda. Os trabalhadores estavam atarefados nesta
terça-feira, convertendo duas salas da fazenda em clínicas. O
esforço não é em vão e já é reconhecido por vários proprietários
de animais.
Na semana passada, uma funcionária das Nações Unidas que estava a
caminho de um navio, telefonou para o BETA sentindo-se culpado por
ter deixado seu gato trancado dentro de casa. De acordo com o
presidente da entidade libanesa, o veterinário Ali Hamade, a
senhora havia implorado para que gato fosse salvo. "O gatinho está
feliz e passa bem comigo na clínica", revela Hamadeh.
A voluntária Helena Hesayne já recebeu e-mails de interessados em
adotar os animais dos Estados Unidos, Canadá e Europa, o que é
impossível até o momento, enquanto o Líbano permanece na mira de
Israel.
WSPA pede ao Brasil para cancelar exportação de animais vivos
para o Líbano
25/07/2006
O diretor geral da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA),
Peter Davies, enviou nesta terça uma carta ao Ministro da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luis Carlos Guedes Pinto,
pedindo o cancelamento das exportações de animais vivos para o
Líbano. O documento foi entregue à embaixada brasileira em
Londres.
Por causa da guerra declarada por Israel, na semana passada um
navio brasileiro carregado com 1.800 cabeças de gado teve de
aguardar três dias em alto-mar até ser redirecionado para um porto
na Síria. "Este incidente deve lembrar aos governantes como os
conflitos humanos também podem atingir os animais e como governos
responsáveis devem reagir nessas situações para evitar mais
sofrimentos", diz um trecho da carta.
Davies pede ao ministro brasileiro que suspenda futuros
carregamentos para o Oriente Médio, prevenindo sofrimentos
desnecessários aos animais.
A carta lembra ainda que Brasil é membro da Organização Mundial
para a Saúde Animal (OIE) e que concordou em estabelecer
diretrizes para assegurar o bem-estar dos animais nos transportes
terrestres e marítimos. Segundo a WSPA, o ideal seria que o abate
fosse realizado o mais próximo possível dos locais de criação,
para evitar o estresse e o sofrimento que as viagens de longa
distância costumam causar.
A WSPA tem trabalhado no Oriente Médio junto com entidades locais
para garantir o bem-estar dos animais que vivem nas regiões
afetadas pelo conflito entre Líbano e Israel. O grupo Beirut for
the Ethical Treatment of Animals (Beirute pelo Tratamento Ético
dos Animais), que cuida de 200 gatos e cães, teve um de seus
abrigos destruídos por um ataque de míssil e recebeu ajuda
material e humana da organização. |