Em Santarém Manifestantes contra a cultura da soja saem às ruas
para denunciar a Cargill (Belém, 22/5/2006)
Santarém (Agência
Amazônia) -
Uma passeata na manhã de ontem, em Santarém, uniu representantes
de entidades sociais contra a produção de soja na Amazônia e a
presença da multinacional Cargill na região. A manifestação
ocorreu dois dias depois que produtores rurais entraram em
confronto com ambientalistas e uma carreata com mais de cinco mil
veículos e milhares de pessoas foi organizada em apoio à Cargill e
contra o Greenpeace. No protesto de ontem, segundo informou a PM,
havia cerca de 600 pessoas.
O movimento teve início com uma concentração em frente ao Mercadão
2.000, de onde os manifestantes seguiram a pé até o porto da
Cargill, onde permaneceram por cerca de duas horas e fizeram um
ato público pacífico. Cerca de 15 entidades participaram da
passeata, que contou também com a participação de estudantes
universitários, sindicatos de trabalhadores rurais e movimentos
ligados a moradores ribeirinhos da região do Tapajós. A ação foi
coordenada pelo Greenpeace, que também deu apoio logístico e
financeiro ao evento.
Os manifestantes levaram dezenas de faixas, todas condenando a
produção de soja na Amazônia e pedindo a expulsão da Cargill de
Santarém. Havia também faixas de apoio ao Greenpeace e contra a
imprensa local, que, segundo os ambientalistas, 'está comprada
pelos produtores rurais'. A maioria das lideranças que discursaram
criticou os produtores de soja do Sul do país, a Cargill e a
imprensa, que cobriu o evento.
'É um protesto pacífico em defesa da floresta em pé', repetiram
várias vezes as lideranças. Os manifestantes resistiram ao forte
calor e permaneceram em frente ao terminal graneleiro da Cargill
até às 12h30, quando as pessoas começaram a se dispersar. Cerca de
15 lideranças discursaram e pediram a expulsão da Cargill de
Santarém, alegando que a empresa alimentou a indústria da grilagem
na região e que incentiva a monocultura da soja. 'Soja que serve
para alimentar animais na Europa', disse o professor Mário Adonis,
em nome da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Proteção ao porto
Em frente ao porto, cerca de 100 homens da Polícia Militar
mantinham a segurança para evitar invasões. De longe, um grupo de
produtores rurais observava o protesto. 'Se eles tentarem invadir
a Cargill nós vamos pra cima deles. Não vamos mais permitir
invasões de propriedades ou empresas aqui em Santarém e foi por
isso que expulsamos o navio deles da frente da cidade', disse um
dos produtores. Os ambientalistas que passavam próximo ao grupo
eram hostilizados e um moto-taxista que, durante a passeata
mostrava um adesivo da campanha 'Fora Greenpeace!', foi vaiado e
xingado pelos ambientalistas. Apesar do clima tenso, a polícia
manteve a calma de ambos os lados e não houve incidentes.
http://www.oliberal.com.br/oliberal/interna/default.asp
Na cama com o
chimpanzé
Edição 418 – Maio/2006
Fonte: Projeto GAP
ÁRVORE GENEALÓGICA
O chimpanzé ficou mais perto, diz tese
Pesquisa revela que antepassados humanos cruzaram com
ancestrais do macaco, há 4,2 milhões de anos.
A árvore
genealógica humana acaba de ser embaralhada. Um grupo de
pesquisadores americanos concluiu que, há cerca de 4,2
milhões de anos, antepassados humanos cruzaram com os
ancestrais dos chimpanzés. Isso significa que os primeiros
hominídeos com características distintas das dos macacos,
como bipedalismo, teriam sido apenas uma tentativa abortada
de divergir do ramo dos chimpanzés. E não nossos ancestrais
diretos. |
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ÁRVORE
GENEALÓGICA
O chimpanzé ficou mais perto, diz tese |
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A árvore genealógica
humana acaba de ser embaralhada. Um grupo de pesquisadores
americanos concluiu que, há cerca de 4,2 milhões de anos,
antepassados humanos cruzaram com os ancestrais dos chimpanzés.
Isso significa que os primeiros hominídeos com características
distintas das dos macacos, como bipedalismo, teriam sido apenas
uma tentativa abortada de divergir do ramo dos chimpanzés. E não
nossos ancestrais diretos.
Para concluir isso, os cientistas, da Escola de Medicina de
Harvard e do Broad Institute, do Instituto de Tecnologia de
Massachusetts (MIT), compararam o DNA dos homens com o dos
chimpanzés e dos gorilas. Segundo eles, uma separação inicial
entre as duas espécies teria ocorrido por volta de 5,4 milhões de
anos. Esta primeira divergência entre as espécies, no entanto, não
teria sido definitiva. Aproximadamente 1,2 milhão de anos depois,
os ancestrais de homens e chimpanzés teriam voltado a manter
relações sexuais, gerando filhos férteis.
Desses cruzamentos teriam nascido seres híbridos que sobreviveram
e foram capazes, segundo a hipótese dos pesquisadores, de
novamente cruzar com hominídeos e chimpanzés. O resultado dessa
miscigenação teria ficado registrado em alguns trechos do código
genético de homens e chimpanzés atuais, que apresentam grande
semelhança.
'Em termos de tempo, estamos mais próximos dos chimpanzés do que
acreditava a maior parte dos paleontólogos', afirmou a ÉPOCA David
Reich, um dos autores do estudo. 'A separação das espécies humana
e dos chimpanzés foi complexa e durou um longo período, com
episódios de hibridização entre elas', diz Nick Patterson, outro
autor do estudo. A descoberta deve reforçar o argumento de
biólogos defensores da inclusão do chimpanzé no gênero homo.
Atualmente, o gênero tem apenas um representante vivo: o próprio
homem.
Os pesquisadores não sabem qual foi o hominídeo ancestral do homem
que realizou a reaproximação com a linhagem dos chimpanzés. Mas
supõem que teria sido o Sahelanthropus tchadensis, mais conhecido
como Toumai. É possível que uma parte dos Toumais - a que cruzou
com os chimpanzés - tenha evoluído para o que virou a linhagem
humana e outro ramo tenha caminhado para a extinção.
O estudo, publicado nesta semana pela revista científica Nature,
tem outras revelações polêmicas. Reich e seus colegas afirmam que
entre 18% e 29% do genoma humano é mais parecido com o do gorila
que com o do chimpanzé, até agora apontado, junto com os macacos
bonobos, o parente vivo mais próximo dos humanos. 'Determinar se o
homem é mais próximo do chimpanzé ou do gorila é uma discussão
antiga. Devemos ter uma resposta em breve, assim que o
seqüenciamento do código genético do gorila estiver concluído',
diz Walter Neves, antropólogo da Universidade de São Paulo.
Em relação aos bonobos, Reich também tem feito estudos e promete
novidades. 'Fiz análises, mas a pesquisa ainda não está publicada.
Até agora os resultados encontrados são bem diferentes', afirmou.
De qualquer modo, ele e a equipe estão certos de que a separação
de humanos e símios foi um processo diferente do que se conhece na
natureza. 'Já sabemos que não foi uma simples separação de
populações', diz Reich. 'Mas pode ser que nunca tenhamos
descoberto nada assim na natureza porque nunca procuramos por
isso.' |