Irã autoriza
criação intensiva de crocodilos.
Em breve comida de cão com carne de crocodilo.
O Irã autorizou a criação de crocodilos depois da aprovação
favorável da hierarquia religiosa que exigiu que sejam mortos
segundo as normas islâmicas, para que a sua pele seja considerada
"hallal".
A carne de crocodilo, cujo habitat natural se situa no sudoeste do
Irã, será utilizada para fabricar alimentos para cães e gatos.
Empresas privadas pediram autorizações para lançar criações
intensivas tanto na região sudoeste do país como no nordoeste e no
centro.
Source/Quelle: Iran : une fatwa autorise l'élevage de crocodiles
Arraia
mata "caçador de crocodilos" na Austrália
Segunda-feira 4 de Setembro, 2006
Por Paul Tait
SYDNEY (Reuters) -
O extravagante ambientalista australiano Steve Irwin, que ficou
conhecido em todo o mundo como o "caçador de crocodilos" graças a
suas aparições na TV, morreu na segunda-feira, vítima do ataque de
uma arraia, quando filmava um novo documentário.
Irwin, de 44 anos, lidava com alguns dos animais mais perigosos do
planeta. Ele morreu devido a um tipo de ataque muito raro,
realizado por uma criatura marinha que costuma ser tranquila,
enquanto mergulhava em um arrecife perto de Port Douglas, no norte
da Austrália.
"Ele ficou em cima de uma arraia e o ferrão da arraia subiu,
entrou no seu peito e fez um buraco no seu coração", disse um
chocado John Stainton, empresário de Irwin, a jornalistas em
Cairns, ao sul de Port Douglas.
Um helicóptero chegou a transportar paramédicos às pressas para
uma ilha nos arredores, aonde Irwin foi levado, mas eles chegaram
tarde demais.
"Rapidamente ficou claro que ele tinha ferimentos aos quais não
sobreviveria", disse o médico Ed O'Loughlin, que o atendeu, a uma
TV local.
"Ele tinha um ferimento penetrante à esquerda do seu peito, havia
perdido o pulso e não estava respirando", explicou.
Especialistas dizem que só há dois outros registros conhecidos de
mortes por arraias na Austrália. Eles disseram que o veneno desse
tipo de peixe é muito doloroso, mas não letal, embora o ferrão
possa causar ferimentos horríveis, como os provocados por uma faca
ou uma baioneta.
"O pior não é entrando, é saindo," disse o pesquisador de venenos
Bryan
Fry à Reuters. "Os ferrões têm esses serrilhados profundos, que
rasgam e
puxam a pele ao sair".
"CRIKEY"
Irwin ficou conhecido em todo o mundo pelo bordão "Crikey" (uma
interjeição, equivalente a "Meu Deus") quando se encontrava com
criaturas selvagens em quase 50 documentários divulgados pelo
canal a cabo Animal Planet. Em todo o mundo, sua imagem foi usada
para vender livros, jogos e até bonecos.
Irwin era considerado "um Noé moderno", e sua morte chocou líderes
mundiais, ambientalistas e cidadãos australianos, que viam nele
"um cara muito boa-gente".
"Realmente sinto que a Austrália perdeu um filho maravilhoso e
pitoresco.
Ele levou imensa alegria a milhões de pessoas, especialmente
crianças, e é
simplesmente uma perda terrível", disse, comovido, o
primeiro-ministro da
Austrália, John Howard.
Nascido em 22 de fevereiro de 1962 em Melbourne, no sul do país,
Irwin se
mudou para a região tropical de Queensland, onde seus parentes
tinham um pequeno zoológico, especializado em répteis.
Ele cresceu junto aos crocodilos, fazendo armadilhas, retirando-os
de áreas
habitadas e soltando-os no parque dos seus pais. Assumiu a atração
em 1991 e a rebatizou de "Australia Zoo".
Ele parecia ter o dom de desafiar a morte diante de cobras e
lagartos.
Conheceu a esposa, a norte-americana Terri, no zoológico, e a
gravação da
sua lua-de-mel -- dedicada à caça de crocodilos -- serviu de base
para o primeiro documentário da série "Caçador de Crocodilos".
Os programas posteriores atingiram uma audiência global de 200
milhões de pessoas, o que é dez vezes a população da Austrália.
O casal tinha dois filhos, Bindi Sue e Robert Clarence.
Irwin provocou polêmica em 2004, ao segurar seu filho, então com
um mês de idade, enquanto alimentava um crocodilo no seu zôo.
Também foi criticado por supostamente perturbar baleias, focas e
pingüins quando filmava na Antártida.
Irwin se gabava de nunca ter sido mordido por cobras venenosas nem
ter sido abocanhado gravemente por crocodilos. Admitia que os
piores ferimentos que sofreu foram por causa de papagaios.
"Não sei o que acontece com os papagaios, eles sempre me mordem,"
disse Irwin certa vez. "Uma cacatua uma vez tentou arrancar a
ponta do meu nariz. Não sei o que eles têm contra mim."
© Reuters 2006. All Rights
Reserved.
Nota de Esclarecimento: Raias não atacam ninguém
Por Marcelo Szpilman*
"Caçador de crocodilos morre ao ser atacado por raia"
A notícia acima, veiculada hoje nos principais portais de internet,
pode promover junto ao público leigo uma noção absolutamente
errada a respeito do comportamento das raias e seus possíveis
acidentes. Como biológo marinho e diretor do Instituto Ecológico
Aqualung, acredito ser importante fornecer informações pertinentes
sobre o assunto de modo a esclarecer os fatos.
Conhecido como o "Caçador de Crocodilos", o apresentador de TV
australiano Steve Irwin era famoso por se aproximar demais dos
animais selvagens quando captava imagens para seus documentários.
Um de seus muitos "espetáculos", que sempre geravam polêmica mundo
afora, foi dar de comer a um gigantesco crocodilo enquanto
segurava seu filho recém-nascido nos braços. Nessa segunda-feira,
quando filmava cenas submarinas para um novo documentário, na
praia de Port Douglas, na Austrália, Irwin foi morto por uma raia.
Ferido no peito pelo animal, chegou a ser socorrido por
paramédicos, mas foi considerado morto no local do acidente. De
acordo com o produtor de seus programas, "Steve segurou uma raia e
o barbilhão entrou no peito dele, abrindo um buraco no coração".
Provavelmente, foi uma raia-prego (do gênero Dasyatis) que ao ser
manipulada de forma irresponsável penetrou seu aguilhão no tórax e
inoculou peçonha no coração do apresentador.
Grande parte das raias costuma passar quase todo o dia em repouso
na areia, onde algumas se enterram. As espécies potencialmente
perigosas possuem em sua cauda um aguilhão (às vezes mais de um ao
mesmo tempo) que pode inocular uma potente peçonha. O aguilhão é
um grande espinho retroserrilhado e pontudo composto de um duro
material semelhante ao osso coberto por uma fina camada de tecido,
onde estão inseridas algumas glândulas produtoras de peçonha.
Quando o animal está tranqüilo e em repouso, o aguilhão fica
encostado paralelo à cauda, acondicionado em uma dobra membranosa
e imerso em muco e peçonha produzidos pelas glândulas da epiderme.
Ao ser perturbada ou estressada, a raia costuma dar violentas
"chicotadas" com sua cauda. Nesse momento, seu aguilhão adquire
uma posição perpendicular à cauda e, ao atingir sua vítima,
provoca ferimentos profundos e graves com inoculação de peçonha.
No entanto, quando não molestadas, as raias são totalmente
inofensivas e incapazes de atacar ativamente quem quer que seja .
Para que ocorra um acidente, é necessário que a raia sinta-se
muito ameaçada ou acuada, pois ao menor sinal de perigo ela
costuma afastar-se do local com extrema rapidez. Cerca de 99% dos
acidentes com raia são provocados por pescadores que insistem em
capturá-las, e no ato de dominá-las ou retirá-las da rede ou anzol
são atingidos pelo aguilhão, ou mergulhadores inconseqüentes que
acham que podem acariciá-las ou molestá-las até o limite do
insuportável, como se elas fossem um animal doméstico e bobo.
Apenas 1% ocorre por acidente, quando alguém inadvertidamente, ao
desembarcar de suas lancha na praia por exemplo, dá uma "pisada"
em uma raia que esteja repousando na água rasa.
Os acidentes com as raias têm dois aspectos médicos importantes
cujos efeitos costumam atuar em conjunto: o trauma provocado pela
penetração do aguilhão retroserrilhado e a inoculação da peçonha,
facilitada pela lesão. O trauma provocado pelo aguilhão é
puntiforme ou lacerante, muitas vezes profundo, e pode ocasionar
graves conseqüências, muitas vezes com abundante sangramento. Além
dos danos extensos e dolorosos, o aguilhão ou pedaços dele podem
destacar-se da cauda da raia no momento da penetração e permanecer
na lesão, ocasionando complicações futuras. As peçonhas de todas
as raias são similares e contêm várias substâncias tóxicas cujos
efeitos sistêmicos costumam afetar os sistemas cardiovascular e
respiratório. Além disso, a peçonha possui uma poderosa ação local
de necrose tecidual. A dor, imediata, intensa e persistente, com
características cortante, pulsátil, espasmódica ou latejante é o
sintoma inicial predominante. É seguida, usualmente, por alguns
dos sintomas gerais, como hipotensão ou hipertensão arterial,
arritmias, dor de cabeça, dores abdominais, náuseas, vômitos,
febre, sudorese, tremores, fraqueza, vertigem, convulsão,
linfangite, parestesia, paralisia muscular e choque, podendo até
ocorrer o óbito. Embora as lesões ocorram com maior freqüência nos
membros, há casos registrados de lesão no tórax com fatalidade. A
penetração do aguilhão em qualquer parte do tronco ou cabeça é
considerada uma grave emergência médica devido às hemorragias
internas não controladas, à inexorável necrose tecidual das
vísceras ou órgãos vitais atingidos e inoculados com peçonha e à
infecção secundária.
Fatalidades como essa que ocorreu com o apresentador de TV
australiano Steve Irwin são raras, mas mostram o quanto devemos
ter respeito e cuidado ao interagir com esses e outros animais
selvagens. O tipo de programa de televisão que o apresentador
fazia, que tem sido copiado inclusive no Brasil, utiliza-se do
domínio, manipulação e abuso de animais com o objetivo de mostrar
o quanto corajosos são seus protagonistas. Ao contrário do que
supostamente pretendem, além de se colocarem em perigo real,
deseducam os telespectadores e mostram um grande desrespeito pela
natureza.
Instituto Ecológico Aqualung
Rua do Russel, 300 / 401, Glória, Rio de Janeiro, RJ. 22210-010
Tels: (21) 2558-3428 ou 2558-3429 ou 2556-5030
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E-mail: instaqua@uol.com.br
Site:
http://www.institutoaqualung.com.br
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*Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com
Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é
autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado em 1991, de sua
versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE TO FISHES, editado em
1992, do livro SERES MARINHOS, editado em 1998/99, do livro PEIXES
MARINHOS DO BRASIL, editado em 2000/01, do livro TUBARÕES NO
BRASIL, editado em 2004, e de várias matérias e artigos sobre a
natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos
últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do
Instituto. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto
Ecológico Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado
Instituto, diretor do Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e
membro da Comissão Científica Nacional (COCIEN) da Confederação
Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS). |