Jornal A Notícia - 28/02/2006 -
Geral
Itajaí -
A crueldade contra os
animais teve mais um capítulo neste fim de semana, em Itajaí, no
Litoral Norte do Estado. Na manhã de sábado, policiais militares
prenderam Natanael de Souza, 43 anos, que estava agredindo um
cachorro vira-lata com pauladas na cabeça, na rua Peterson André
Machado, bairro Promorar.
De acordo com Cristina Freitas, diretora executiva da Associação
Itajaiense de Proteção aos Animais (SOS Animal), o cão foi
medicado, mas ainda se encontra com um dos olhos bastante inchado
e o focinho machucado. "É um animal de aproximadamente três anos e
sem raça definida. Ele é dócil, mas apanhou muito na cabeça.
Estamos cuidando dele no Canil de Itajaí e acreditamos em sua
melhora", conta Cristina, afirmando que o cachorro só não morreu
porque a polícia chegou a tempo. O agressor foi conduzido à
Central de Polícia, onde prestou depoimento, e vai responder a
termo circunstanciado por crueldade contra animais.
O fato acontece pouco tempo depois de outro vira-lata ter sido
amarrado por uma corda ao pára-choque de um carro e arrastado por
aproximadamente seis quilômetros, também em Itajaí, no dia 11
deste mês. O cão ficou com as patas bastante machucadas e os olhos
bem avermelhados por causa da corda presa em seu pescoço. O
cachorro também foi socorrido pelo SOS Animal.
Denúncias de maus-tratos contra animais em Itajaí e região podem
ser feitas à SOS Animal, no telefone (47) 9975-6396.
Animais têm
emoções, revelam estudos
http://www.centrovegetariano.org/
Um estudo recente realizado na Universidade de Bristol mostra que
as vacas têm uma forte vida sentimental que inclui emoções como a
amizade, o rancor ou a frustração.
Os bovinos são ainda capazes de sentir emoções fortes como dor,
medo e até ansiedade - preocupam-se com o futuro. Mas se os
criadores lhes proporcionarem condições adequadas, podem mesmo
sentir grande felicidade. As descobertas resultaram de estudos em
animais de fazendas, e descobriram características similares em
porcos, cabras, galinhas e outros animais domésticos. Sugerem que
estes animais poderão ser de tal forma emocionalmente semelhantes
aos humanos que as leis de bem-estar animal deverão ser
reformuladas.
Este estudo, coordenado por John Webster, professor de Produção
Animal em Bristol e autor do livro "Bem-Estar Animal: a Coxear em
Direção ao Éden" (Animal Welfare: Limping Towards Éden)
desmistificou ainda a idéia comumente aceite de que a inteligência
está diretamente relacionada com a capacidade de sofrer e que os
animais, porque têm cérebros mais pequenos, sofrem menos do que os
humanos.
Efetivamente, os pesquisadores documentaram como vacas formam,
dentro
de uma manada, pequenos grupos de amizade com quem passam a maior
parte do tempo, muitas vezes lambendo-se e cuidando-se entre si.
Também podem não gostar de outras vacas e alimentar rancores
durante meses ou anos.
Também a sexualidade das vacas é subestimada pelo homem. No
entanto, os pesquisadores qualificam-nas de ninfomaníacas. Segundo
Webster as vacas excitam-se quando uma companheira da manada se
excita e começa a tentar montar outra.
Esta e outras descobertas foram apresentadas numa conferência
científica realizada em Londres, em Março de 2005, e organizada
pela Compassion in
World Farming.
De acordo com Christine Nicol, professora de Bem-estar Animal na
Universidade de Bristol, os animais estão mais próximos dos seres
humanos sob o ponto de vista emocional do que até aqui se
acreditava. Esta investigadora afirmou ainda que "O nosso desafio
é ensinar aos outros que todos os animais que tencionamos comer ou
usar são indivíduos
complexos, e ajustar a nossa cultura de exploração animal em
conformidade".
O professor Donald Broom, da Universidade de Cambridge, que também
participou da conferência, revelou, com base numa experiência, que
as vacas podem ser estimuladas por desafios intelectuais. Durante
um estudo, os investigadores desafiaram os animais com uma tarefa
que consistia em descobrir como abrir uma porta para conseguirem
obter alimento. As reações foram controladas por um
electroencefalograma para medir as suas ondas cerebrais.
Constatou-se uma aceleração do ritmo cardíaco e algumas até
pularam.
A crença generalizada de que os animais de fazenda não sofrem em
condições consideradas intoleráveis para humanos é em parte
baseada na idéia de que são menos inteligentes do que os homens e
de que não têm a "noção do eu". No entanto, cada vez mais as
pesquisas revelam que isto não é correto. Keith Kendrick,
professor de Neurobiologia no Instituto Babraham em Cambridge,
descobriu que até as ovelhas são muito mais complexas do que se
pensava e conseguem recordar 50 caras ovinas - mesmo de perfil.
Conseguem reconhecer outra ovelha após um ano afastadas. Segundo
Kendrick, as ovelhas podem até estabelecer afeições fortes por
certos humanos, entrando em depressão por separações longas e
saudando entusiasticamente mesmo depois de 3 anos.
A conferência Compassion in World Farming iniciou-se com um
discurso chave de Jane Goodall, a primatologista que fundou os
estudo da Senciência Animal com a sua pesquisa em chimpanzés no
início dos anos 60 do século XX. Goodall desmistificou a crença de
que os animais eram simples autômatos que mostravam pouca
individualidade ou emoções. No entanto demoraram muitos anos para
que os cientistas aceitassem que tal idéia fosse aplicada a muitos
outros animais. ''Animais sencientes têm a capacidade de
experienciar prazer e sentem-se motivados a procurá-lo", afirmou
Webster. ''Só é preciso observar como as vacas e cordeiros
procuram e apreciam o prazer de estarem deitados com as cabeças
levantadas na direção do sol num perfeito dia de Verão inglês. Tal
como os humanos.".
Referências:
Jornal The Sunday Times, 27 de Fevereiro de 2005 -
http://www.timesonline.co.uk/article/0,,2087-1502933,00.html
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