Governo chinês
confirma diálogo com Dalai Lama
Agência ANSA
06/03/2006
Pequim -
Continua aberto,
apesar das divergências, o diálogo entre o governo de Pequim e
Dalai Lama, que ainda mantém uma forte influência no Tibet. O
encontro entre o governo chinês e representantes do líder
tibetano, que vive exilado na Índia, ainda não apresentou
resultados, mas o diálogo continua, conforme anunciou hoje à
imprensa, paralelamente aos trabalhos da Assembléia Nacional do
Povo, o governador da região Autônoma do Tibet, Xiangba Pingcuo
(cujo nome tibetano é Jampa Phuntsog).
"Nesta fase não podemos nem ao menos falar de negociações. É um
diálogo, existem os contatos, os canais de comunicação estão
funcionando bem", disse Phuntsog.
As declarações, feitas inesperadamente por um funcionário do
governo chinês, que oficialmente não admite a existência de
negociações com Dalai Lama, confirmam as declarações anteriores de
Lodi Gyari, um dos enviados do líder tibetano. Em um comunicado
divulgado depois de seu retorno à Índia, Gyari afirmou que
"permanecem diferenças profundas sobre o modo como querem
enfrentar os problemas", e acrescentou que os encontros
prosseguirão em um futuro próximo.
Nos últimos três anos, Dalai Lama, hoje com 71 anos, expressou
inúmeras vezes o desejo de retornar ao Tibet e acredita-se que o
problema tenha sido discutido sem que se tenha chegado a um
acordo.
O líder tibetano renunciou há tempos à independência da região,
limitando-se a pedir o que ele mesmo chama de "uma autonomia
genuína" para o Tibet. Os dirigentes chineses suspeitam, porém,
que se trata de uma manobra tática. Fatos recentes ocorridos no
Tibet mostram cada vez mais a influência que o exilado mantém no
país.
Em janeiro deste ano, durante o festival religioso de Kalachakra,
no sul da Índia, Dalai Lama lançou um apelo de preocupação pelos
animais em vias de extinção. A idéia do apelo surgiu depois que
organizações ambientalistas denunciaram a difusão em massa no
Tibet do uso de casacos de pele de animais raros, como o tigre,
por exemplo. Dalai Lama se disse envergonhado e pediu aos
presentes para "não usar, vender ou comprar produtos de animais
selvagens ou eles próprios". Seu pedido foi aceito e cumprido pela
população.
A importância da intervenção feita por Dalai Lama foi reconhecida
por Belinda Wright, fundadora da Wildlife Protection Society da
Índia. "A reação do povo tibetano nos faz ver uma esperança no fim
do túnel no qual se encontra o tigre indiano", disse a ativista.
Um censo de 2002 constatou que em toda a Índia há pouco mais de
três mil tigres. Em março, a discussão sobre o futuro dos tigres
foi retomada depois que um jornal revelou que todos os 18 tigres
de um santuário no oeste do país foram assassinados por caçadores
ilegais. A demanda pelos produtos do tigre vem principalmente dos
países do Extremo Oriente.
http://www.jornaldamidia.com.br/noticias/2006/03/06/Mundo/
Governo_chines_confirma_dialogo_c.shtmlb
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