Sempre amei animais, sempre
tive muito gatos e cachorros todos retirados das ruas, mas um gatinho em
especial marcou tanto minha vida que só de escrever sobre ele ja começo
a chorar.
Encontrei o TOM um gatinho cinza e branco bem pequeninho, creio que com
1 mês de vida, próximo ao meu trabalho em uma das minhas caminhadas na
hora do almoço, ele miava tão alto dentro de uma casa abandonada que
dava pra ouvi-lo a dois quarteirões de onde ele estava, tinha muitas
pulgas mas aparentemente estava bem tratado, só estava com fome e
cansado.
Mesmo morando em apartamento e já tendo dois outros gatos também
retirado das ruas, o Tom (Tom do desenho Tom e Jerry) se adaptou muito
bem com a Mel e BOB, era super brincalhão, derrubava tudo e dormia
sempre no meu travesseiro, me acordava todas as manhas com deliciosas
lambidas no rosto, adorava brincar com os cobertores e comia feito um
desvairado, era a alegria da casa ja que era o mais novinho.
Ele derrubava as toalhas da mesa se pendurando nelas, carregava os
sapatos de trabalhar da minha mãe e escondia embaixo da cama, todas as
manhãs era a mesma coisa, minha mãe correndo atrás dele pra pegar os
sapatos para ir trabalhar, uma coisa que ninguém acredita é que o Tom
adorava comer alface, parece até mentira, mas ela comia todos os dias.
O Tom sempre aparentou ser muito saudável, comia muito, era muito ativo,
tinha um pelo lindo, sempre cuidei dele com as melhores rações, mantinha
as vacinas todas em dia e quando ele fez mais ou menos 1 ano mandei
castrá-lo, ele só tinha um hábito estranho que era beber muita água,
chegava a deitar perto da vasilha de água e aparentava as vezes sentir
um pouco de dor de cabeça, ficava com as orelhas abaixadas e bem
quietinho, achei um pouco estranho e levei ele numa veterinária, ela
disse que isso era normal porque ele era muito ativo, corria muito e as
dores de cabeça poderiam ser dor de ouvido muito comum em gatos de
apartamento que não tomam muito sol, o que para os gatos é essencial e o
apartamento onde moro é muito gelado, sendo assim, comprei o remédio
para dor de ouvido e usei direitinho como ela mandou.
Mesmo tratando como a médica havia receitado, ele tinha dias de melhora
outras de piora, comia muito bem e continuava sua bagunça caseira como
sempre, apesar de tudo era muito medroso, se assustava muito fácil e se
escondia com facilidade, era difícil acha-lo em casa.
Um domingo minha mãe resolveu leva-los numa chácara, para que eles
tomassem um pouco de sol, comer graminha, enfim, sair um pouco daquele
apartamento tão gelado, como sempre o Tom ficou o dia todo escondido,
não comeu nem bebeu água. Ela voltou pra casa com os gatinhos no mesmo
dia, o Bob e a Mel gostaram muito do passeio mas notei que o Tom estava
muito tristinho, quieto e continuou a não comer nem beber.
Na semana que se seguiu ele começou a piorar, bebia muita, mas muita
água mesmo, não comia e estava com o olhar muito, mas muito triste,
liguei pra veterinária e na terça feira e ela me disse pra leva-lo até a
clinica, ele já ficou internado, ela achou que fosse stress ou algum
bichinho que ele comeu e não fez bem, ele ficou dois dias internado, e
voltou pra casa na quinta com muitos antibióticos e ainda mais fraco e
triste do que antes.
Nesse meio tempo notei que apesar dele ter emagrecido muito ( ele chegou
a pesar quase 6kg) ele estava com uma barriga grande, mole e fazia um
xixi amarelado. Eu fiquei ao lado dele o tempo todo, dava os medicamento
certinho, como ele não tinha fome tinha que dar comida na seringa para
que ele aguentasse os antibióticos. Meu gatinho ainda assim não
melhorava, pelo contrario, estava cada vez pior, tentei ligar pra
veterinária na sexta mas ela não atendeu, então já desesperada e
chorando muito, levei meu gatinho no hospital veterinário próximo a
minha casa, ele novamente ficou internado para fazer alguns exames pois
o medico estava achando estranho o diagnostico da outra veterinária, ele
ficou de sábado até quarta feira no hospital, eu ia visita-lo duas vezes
por dia, saia correndo no meu horário de almoço, as vezes nem almoçava
só pra ouvir o miadinho dele quando eu chegava na clinica, mesmo
fraquinho, ele me lambia, me cheirava o nariz, queria ficar perto de
mim, na quinta feira na hora do almoço quando cheguei na clinica nem
acreditei, ele estava fora do soro e deitadinho num sofá na sala do
veterinário, comecei a chorar e nem acreditei que ele estava melhorando,
o medico me disse que os exames iriam ficar prontos mas que ele ja tinha
um pré-diagnóstico sobre o que ele tinha, mas preferia esperar o
resultado do tratamento, pra mim ele não disse o que meu Tom realmente
tinha, mas pra minha mãe que foi junto comigo busca-lo na clinica, ele
disse que o Tom tinha uma doença chamada PIF - Peritonite infecciosa
felina - e que haviam duas maneiras dela se manifestar, a molhada (
Barrigada D´agua) e a seca, infelizmente a do Tom era a molhada, o que
justificava a barriga grande e a quantidade exagerada de água que ele
bebia, minha mãe não teve coragem de me contar quando viu minha alegria
pela aparente melhora dele, ele chegou em casa e foi direto brincar com
a Mel e Bob, correu, cheirou, comeu até bem a papinha dele, como se
fosse se despedir, mas na sexta feira de manhã ele já estava ruim de
novo, entrou embaixo de uma poltrona no quarto e de lá não queria mais
sair, eu liguei pra minha mãe e ela me contou o diagnostico do
veterinário, chorei tanto, mas tanto que quase fui parar no hospital,
emagreci muito, no domingo a noite, já não aguentando mais ver a agonia
do meu amorzinho, meu namorado o levou no hospital depois de falar com o
veterinário pelo telefone, ele estava sofrendo muito e eu com ele.
Me despedi do Tom como se estivesse morrendo com ele, ele era minha
vidinha, minha alegria, era carinhoso, alegre e é assim que quero sempre
me lembrar dele, sei que ele deve estar fazendo uma super bagunça lá no
céu dos gatinhos, briguei muito com Deus por ter levado ele de mim mas
sei que lá ele deve estar feliz e pra toda minha vida vou levar esse
gatinho que durante 1 ano e 5 meses marcou minha vida pra sempre, só
espero que ele não esconda os sapatos de Deus lá no céu.
Aline R.
Oliveira |
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