30/01/2007
Lara Cristina
Da editoria de Cidades
Trajando luto e com nariz de palhaço, cerca de 50 manifestantes
realizaram, ontem, um protesto contra o Le Cirque, montado há quase um mês
na Avenida 85, em Goiânia. Eles protestavam contra o circo, alegando
maus-tratos dos animais. A Sociedade Goiana de Proteção aos Animais tentou
entrar no circo, para ver os animais, mas foi barrada. O proprietário do
estabelecimento negou maus-tratos e apresentou uma liminar oferecendo
permissão para a permanência dos bichos nos espetáculos.
Por volta das 17 horas, os manifestantes, formados em maioria por
estudantes começaram a chegar ao local, levando panfletos para serem
entregues à população e, principalmente, ao público que se direcionava ao
circo. Com um alto-falante, eles entoavam em coro a frase: “Circo legal é
sem animal.” Nos panfletos entregues havia textos condenando o tratamento
dado a animais nos circos, e, em especial, no Le Cirque. “Por que não nos
deixam entrar aí? Será medo de constatarmos, junto com a imprensa, que as
condições dos animais são precárias? Se estivesse tudo bem, não teriam o
que temer”, afirmou a presidente da Sociedade Goiana de Proteção aos
Animais, Maria de Lourdes França Rabelo, ao ser barrada pelo proprietário
do Le Cirque, George Stevanovich.
Denúncias – Dentre os maus-tratos, os manifestantes alegam que o
hipopótamo é mantido em um contêiner com pequeno nível de água, os
elefantes são mantidos acorrentados aos pés, e que o rinoceronte fica em
uma grade, sem espaço e sem poder se locomover.
George negou tais maus-tratos, mas não permitiu que os animais fossem
fotografados fora do picadeiro, e nem no lugar em que são colocados. “É
uma questão de segurança, por isso é melhor fotografar só os que estão
durante o espetáculo”, alegou George. Ele afirma que os 16 animais do
circo têm tratamento adequado e que recebem atendimento de uma veterinária
de São Paulo especializada em animais exóticos, que os atende uma vez por
mês.
Os manifestantes dizem que já fizeram denúncias junto ao Ministério
Público, e que farão novamente, com fotos tiradas no Le Cirque durante a
estada em Goiânia. “As pessoas não vêem o que acontece por trás do
picadeiro. As coisas que são feitas com os animais para serem adestrados
daquele jeito. Em Brasília, onde estiveram por último, o Ibama constatou
que os animais eram mantidos em condições inapropriadas de contenção e
recinto. A Promotoria de Justiça do Meio Ambiente confirmou as
irregularidades”, afirmou uma das manifestantes e coordenadora da
Sociedade Goiana dos Vegetarianos, a estudante Fabíola Ribeiro Duarte.
A estudante de Direito Glênia Cardoso Pinheiro, 36, levava as duas filhas
pela terceira vez ao Le Cirque, e se sentiu ofendida com a abordagem dos
manifestantes. “Disseram para minhas filhas que aqui tinham monstros que
judiavam dos animais, para não gastarmos nosso dinheiro com isso. Eles não
podem fazer isso.” Ela diz que não acredita que os animais sofram
maus-tratos.
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