21/04/2004 |
Crime
Ambiental |
Cão morre com
60% de queimaduras |
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Vitima
de um ato ilícito, o cachorro Fred ficou conhecido em toda
cidade por ter sofrido queimaduras em 60% do seu corpo, tendo
como acusado de ser responsável pelo crime, um estudante do
curso de Medicina Veterinária de uma universidade da cidade.
Segundo testemunhas o acusado teria jogado álcool no cão e em
seguida ateado fogo, causando queimaduras de terceiro grau em
grande parte do corpo do animal. Revoltadas, as testemunhas
acionaram a polícia e a Saau (Sociedade de Amparo aos Animais de
Umuarama), que foram até o local.
Atendido inicialmente no dia 05 deste mês, foi constatado em
exames que as queimaduras alcançavam níveis de lesões em
primeiro, segundo e terceiro grau no tecido cutâneo. Além de
muita dor e aparente estado de choque, foi medicado analgésicos
para o alivio da dor, anti-inflamatórios para o combate as
bactérias e inflamações e os melhores antibióticos que a clinica
possui. “Quando ele chegou a clinica, o prognóstico inicial era
reservado, no que diz respeito, nem bom, nem ruim, já que não
havia uma noção exata das queimaduras”, afirmou o médico
veterinário, Alex Sander Dias Machado, sócio da clínica S.O.S.
Animal.
O prognóstico reservado se alterou nos últimos quatro dias
devido à fraqueza intensa que o animal vinha sentindo,
primeiramente verificado pelo esforço que seu organismo estava
desprendendo, já que, “quando há queimaduras, as células lutam
para não morrer, então o que houve foi uma falência do sistema
renal que se esforçou intensificadamente para suprir as
necessidades hepáticas, pois o tecido uma vez queimado, é
exposto ao contato com bactérias e a morte celular libera
toxinas que deprimem o organismo do animal, levando-o a morte,
principalmente pelas defesas que são impostas e no caso desta
vitima foram extremamente utilizadas”, afirmaram Alex Sander e
seu sócio, o médico veterinário Yusuhiro Furuushi.
Em exame laboratorial, foi detectada uma quantidade anormal de
uma determinada enzima que caracteriza o nível de queimaduras
dos tecidos. Costumeiramente esse número, medido pela Unidade
Internacional dividido por litros, segue de 1,15 até no máximo
dos casos de queimadura, 28 U.I./Litro. “Neste cachorro, o nível
destas enzimas alcançou o número extremo de 231,5 U.I./Litro no
animal, o que determina que este teve aumentado, em mais de 10
vezes o nível suportável de lesão nos tecidos cutâneos”, afirmou
Alex Sander.
“Sendo um termo pouco utilizado no linguajar popular, devido a
pouca decorrência deste episódio, as queimaduras atingiram o
quarto grau em lesões, algo completamente anormal e que
consecutivamente causaria, mais cedo ou mais tarde o óbito do
animal, que teve exposição dos ossos nos cotovelos, por possuir
uma quantia menor de tecido muscular no local”, completou o
médico veterinário.
O que houve foi uma falência múltipla de orgãos, sendo que nos
últimos 4 dias ele não se alimentava mais, tendo sido modificada
a sua dieta, balanceando e reforçando vitaminas e minerais; pela
manhã de segunda-feira foi necessário uma transfusão de sangue e
na terça-feira o prognóstico já era tido como sombrio, segundo
informações da clínica veterinária. “Para ele sobreviver, de
fato, suas queimaduras deveriam ser menores e posteriormente
receber uma alimentação reforçada e, não foi este o caso”,
salientou o Dr. Alex Sander.
Crimes Ambientais
De acordo com o código de Leis para Crimes Ambientais, até 1998
este tipo de episódio era tido como contravenção e a partir
deste ano tomou a proporção de crime pela Lei 9.605, de
12/02/1998. Segundo código é crime praticar atos de abuso, maus
tratos, ferir ou mutilar animais; com penalidades como detenção
de três meses a um ano de reclusão ou multa. Em caso de óbito do
animal, a pena pode ser aumentada em um terço a um sexto.
A Universidade Paranaense – Unipar, notificou a imprensa que,
tanto quanto à sociedade umuaramense, está chocada com o ato de
crueldade praticado contra o cão no sábado, dia 03. No entanto,
reserva-se o direito de somente pronunciar-se a respeito quando,
no desenrolar do inquérito policial e ficar comprovada a
participação ativa de aluno da instituição no lamentável
episódio. |
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